Eder Santos, de 39 anos, foi recebido esta semana no gabinete do primeiro ministro da Irlanda, Leo Vradkar, que agradeceu a ele e ao também brasileiro Caio Benício, de 43, natural do Rio de Janeiro.



Um baiano de Feira de Santana ganhou destaque na imprensa da Irlanda após impedir um indíviduo que esfaqueava uma criança de 5 anos, durante um atentado ocorrido na última quinta-feira (23), na Praça Parnel, Centro de Dublin, capital irlandesa.



Nesta terça-feira (28), Eder concedeu entrevista à rádio Sociedade News FM, de Feira de Santana, e deu detalhes sobre o ocorrido. Ele é profissional da área de Tecnologia da Informação e mora fora do Brasil há 7 anos.

"Na quinta (23) estava voltando do trabalho de bicicleta, às 13:40h, quando ouvi uma mulher gritar do outro lado da rua, quando olhei, tinha uma mulher tentando proteger uma criança de tomar uma facada, mas, quando olhei o criminoso estava golpeando a criança, vi de 3 a 4 facadas. Um rapaz que estava pedalando a minha frente, desceu da bicicleta com o cadeado da bicicleta na mão, desci da bicicleta também, imediatamente corremos para cima a fim de evitar que o pior acontecesse, o rapaz que estava na minha frente, um irlandês, conseguiu golpear o agressor na cabeça", disse Eder.

"Tudo que eu lembro foi o barulho da faca caindo no chão, do meu lado, peguei a faca e corri para o outro lado da rua onde tinha largado minha bicicleta e joguei a faca no mato, a única reação que eu tive foi essa, acredito que foi instinto, queria evitar o pior, tirar a arma da situação, o que para mim, oferecia o maior perigo naquele momento, depois, voltei a cena do crime, o agressor estava no chão, imóvel, duas senhoras tentaram protege-lo de linchamento, pedindo que as pessoas deixassem para a polícia resolver", narrou.

O feirense conta que a criança de cinco anos de idade estava desacordada e com rosto sujo de sangue, mas que rapidamente recebeu cuidados médicos. "Rapidamente chegou uma uma mulher e começou a fazer massagem cardíaca na criança, nisso, saí do lugar, porque comecei a ficar assustado, pensei que a criança estava morta e eu não podia fazer mais nada, voltei, peguei minha bicicleta, subi um pouco a rua para me afastar da cena, a polícia chegou em 3 minutos com a ambulância, foi tudo muito rápido, os paramédicos foram direto para a menina e continuaram a massagem cardíaca, me desesperei, pensei que a menina não ia sobreviver. Liguei para o meu colega Irlandês, com o qual divido uma casa, contei o que aconteceu, só depois pensei que peguei na arma do crime, e pensei: me compliquei, o que eu faço?", contou.

"Eu queria voltar para casa, mas ele me aconselhou a falar com a polícia, por ter testemunhado e pego a arma do crime, que eu tinha evitado algo pior. Eu estava perto da cena do crime, voltei, já tinha um policial em pé ao lado da faca e um francês que tinha ajudado também a evitar uma tragédia maior, um garoto de apenas 17 anos, ele lutou com o agressor, estava todo machucado com corte na mão e um corte superficial no rosto", relatou Eder.

"Me identifiquei e disse ao policial que eu tinha jogado a faca, o policial disse: muito bem, porque estávamos à procura de quem jogou a faca aqui. Imediatamente dois detetives me colocaram na viatura e me levaram para a delegacia, onde fui muito bem tratado, foram pacientes comigo, me pediram para ficar calmo e explicar tudo o que aconteceu, estava muito nervoso, porque só dizia a todo momento que eu tinha pego na arma do crime, que eu teria problemas na minha vida e também fiquei preocupado com a criança, por quem perguntava o tempo todo, eles pediram calma e colheram meu depoimento", disse o baiano.

Ataque na Irlanda

O ataque a facadas na Irlanda deixou 5 feridos — 3 deles crianças — perto de uma escola de Dublin. Segundo a polícia local, uma série de protestos por conta do ataque foi registrada, mas sem mais feridos. O motivo seria o pedido de endurecimento nas leis anti-imigração na Irlanda, já que o terrorista envolvido no ataque seria de outro país. No entanto, diante de uma campanha de desinformação, protestos acabaram encabeçados por grupos de extrema-direita. “Não toleraremos que um pequeno grupo use atos atrozes para semear a divisão”, declarou em um comunicado a ministra da Justiça, Helen McEntee, pedindo “calma” aos manifestantes.


Fotos: Irish Times - Informações Correios