Aliados políticos de Jair Bolsonaro (PL) criticaram a Polícia Federal por perguntar ao ex-presidente se ele é "cis", ou cisgênero, termo utilizado para pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi atribuído ao nascer.



O que aconteceu

Nesta quinta, Jair Bolsonaro compareceu à sede da PF, em Brasília, e foi orientado pelos advogados a ficar em silêncio. A única questão que ele se dispôs a esclarecer ficou sem resposta. Questionado se é cis (cisgênero), o ex-presidente falou que não sabe o que isto significa.

Bolsonaro foi considerado biologicamente e anatomicamente homem ao nascer. Ser cis, na identidade de gênero, significa que o ex-presidente se reconhece com o sexo masculino. As pessoas transgênero se identificam com ambos os gêneros, nenhum deles ou com o oposto. A identidade de gênero não tem a ver com orientação sexual, como ser hétero, bi ou homossexual.

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O questionamento feito pela corporação é solicitado na hora de preencher a ficha do depoente. O procedimento burocrático é feito antes das perguntas sobre o fato investigado e é acompanhado do recolhimento de dados pessoais.

Nas redes sociais, aliados políticos e personalidades simpatizantes ao ex-presidente criticaram a PF pela pergunta rotineira.
Qual o sentido de, no momento do depoimento, perguntar se a testemunha ou interrogado é cis? O intuito é promover a igualdade entre os seres humanos? Pessoas trans lutam, há anos, para não terem essa condição destacada em seus documentos de identificação. Essas tantas designações vão na contramão do que anunciam! É triste! Disse Janaina Paschoal, professora, jurista e ex-deputada estadual.
Antigamente, perguntavam se o político era corrupto, mas com o Bolsonaro só resta saber se ele é cis... Bolsonaro é imorrível, imbroxável e incomível. Disse Senador Jorge Seif Junior, ex-secretário de Aquicultura e Pesca no governo Bolsonaro
O que Bolsonaro não disse

O ex-presidente foi convocado para responder sobre suspeitas de que teria planejado um golpe. As perguntas foram feitas por policiais federais na sede da corporação, em Brasília.

Bolsonaro exerceu o direito de ficar calado. Paulo Cunha Bueno, seu advogado, justificou essa conduta dizendo que não teve acesso aos elementos colhidos pela investigação e, sem a íntegra da apuração, não pode elaborar a defesa.

Além do ex-presidente, outras 21 pessoas foram chamados a comparecer na PF. A tática de convocar todos ao mesmo tempo é para evitar combinação de respostas.

A lista de depoentes inclui ex-ministros, ex-assessores pessoais e militares de alta patente. Boa parte repetiu Bolsonaro e também ficou em silêncio.

Portal Regional Notícias, com informações do UOL