Além da reestruturação de carreira, os defensores públicos defendem a garantia de profissionais para facilitar o atendimento ao público.



Quase 7 mil defensores públicos em toda a Bahia paralisaram as suas atividades desde a última quarta-feira (15), a fim de cobrar a execução do Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 154/2023 que assegura simetria constitucional com as outras carreiras jurídicas, cumprimento do subsídio com subteto, conforme prevê a Constituição Federal, entre outras melhorias para carreira do defensor.

Em Feira de Santana, dezenas de defensores também aderiram à greve e paralisaram suas atividades para reivindicar melhores condições de atendimento e valorização aos profissionais.

Na manhã desta terça-feira (21), estes profissionais também estiveram em frente a Defensoria Pública (DPE) do município, localizada na Avenida Maria Quitéria, para esclarecer à imprensa os motivos que levaram a classe a paralisar suas atividades em todo o estado baiano.

A reportagem acompanhou o movimento e conversou com defensores sobre o objetivo da paralisação, que segue por tempo indeterminado. Segundo a defensora pública Melina Dantas, a luta dos profissionais tem o propósito de reestruturação de carreira da categoria e equiparação com outros profissionais do Sistema de Justiça.
“A greve é a busca pela isonomia com o Sistema de Justiça. É a equiparação da Defensoria Pública ao Ministério Público, ao Poder Judiciário que é uma garantia constitucional. Estamos sem o reconhecimento pelo governo do estado da Bahia e estamos há dez anos nessa luta, esperando que o governo nos reconheça como partes do Sistema de Justiça e por isso não teve outra alternativa senão a greve para tentar igualar essa situação. Existe um PLC que está para ser avaliado pelo governo e para ser colocado em pauta pela Assembleia Legislativa, as negociações estão acontecendo mas em ritmo muito lento e como isso já vem acontecendo há mais de dois anos nós realmente chegamos a um ponto de não suportarmos mais e ter que deflagrar a greve”, disse.

Assim como em algumas cidades do estado, a Defensoria Pública de Feira de Santana teve os seus atendimentos suspensos, principalmente pelos profissionais que aderiram à greve. Porém, os atendimentos que precisam de brevidade, como os casos de saúde e relacionados à custódias, seguem sendo realizados normalmente.

“Os atendimentos feitos pelos defensores públicos foram todos suspensos, por aqueles que realmente aderiram à greve e a paralisação está acontecendo. A gente vem de algumas paralisações pontuais durante todo o ano passado e esse ano também, mas infelizmente o estado da Bahia não nos acolheu e infelizmente não tivemos alternativa se não deflagrar a greve. A nossa luta não é partidária, é pelo reconhecimento da Defensoria Pública como ente de Justiça. A greve suspende todos os atendimentos, com exceção das custódias de presos, porque realmente é um ato de urgência e questões de saúde. Esses pontos estão acontecendo normalmente os atendimentos”, contou a defensora pública.

Além da reestruturação de carreira, os defensores públicos do estado também defendem, em meio a paralisação, a garantia de novos profissionais para facilitar e melhorar o atendimento ao público assistido. Melina Dantas ainda falou sobre a estrutura de trabalho dos profissionais que atuam em Feira de Santana e a luta por melhorias.

+Leia mais informações sobre Bahia no site do Portal Regional Notícias

“A gente tem 21 defensores públicos que atuam em diferentes áreas, do cível, de famílias, precisaríamos de mais defensores para atender a demanda em Feira de Santana e por isso a nossa luta, é uma luta por melhor orçamento que visa concursos públicos tanto para defensores como para servidores públicos que não temos, nós temos Reda, terceirizados, então a nossa greve é para uma melhor Defensoria em todos os aspectos para que a gente possa prestar um serviço de qualidade ao assistido”.

A defensora pública finalizou ainda destacando as ações dos defensores a fim de cobrar a votação do projeto de lei que está em tramitação na AL-BA desde dezembro do ano passado. Ela também solicitou o apoio da população de Feira de Santana na garantia de melhores condições de atendimento e valorização dos profissionais.

“Fomos na Alba, na Câmara Municipal de Salvador, passamos nas sedes das Defensorias Públicas para mostrar ao assistido a importância deles apoiarem a greve, porque na verdade nossa luta também vai repercutir no melhor atendimento aos assistidos. Gostaria de pedir o apoio da população de Feira de Santana com a nossa greve porque realmente é para prestar um melhor atendimento. Nós já prestamos um serviço de qualidade, mas com a melhoria do orçamento e de toda a estrutura poderemos ampliar o atendimento e prestar um serviço melhor aos assistidos”, finalizou.

Também em nota pública, a Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep) manifestou apoio à greve na Bahia promovida pela Associação das Defensoras e Defensores Públicos da Bahia (Adep-BA). Confira:




Portal Regionas Notícias, com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade