De acordo com o documento, elaborado em junho, Imane Khelif tem transtorno genético que afeta homens biológicos

Imane Khelif, da Argélia, reage depois vencer sua luta contra Janjaem Suwannapheng, da Tailândia

Um relatório médico revelou que a boxeadora Imane Khelif, da Argélia, possui cromossomos XY e testículos internos. A informação, publicada no site norte-americano Reduxx, veio à tona meses depois de Imane ter conquistado uma medalha de ouro no boxe feminino na Olimpíada de Paris 2024. O relatório foi descoberto por um jornalista francês.

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O documento foi elaborado em junho por uma parceria entre o Hospital Kremlin-Bicêtre, em Paris, e o Hospital Mohamed Lamine Debaghine, na Argélia. Os endocrinologistas Soumaya Fedala e Jacques Young revelaram que Imane tem deficiência de 5-alfa redutase, transtorno que ocorre em homens biológicos.

Essa anomalia genética afeta o desenvolvimento normal dos órgãos sexuais. Ao nascimento, meninos com essa deficiência são frequentemente designados como do sexo feminino devido à genitália deformada. Na puberdade, tornam-se aparentes sinais de masculinização, como crescimento muscular e ausência de seios.

No final de outubro, o jornalista Djaffar Ait Aoudia obteve um exame físico detalhado realizado em Imane Khelif. O relatório clínico mostrou que uma ressonância magnética não encontrou útero, mas testículos internos e um “micropênis”. Testes confirmaram o cariótipo XY e níveis de testosterona típicos de homens.

Recomendações médicas

O relatório recomenda que Imane passe por “correção cirúrgica e terapia hormonal” para alinhar-se com sua identidade de gênero percebida. Também sugere apoio psicológico devido ao impacto neuropsiquiátrico significativo causado pelos resultados.

Georges Cazorla, técnico da boxeadora, já havia admitido que a boxeadora foi avaliada depois de ser desqualificada pela Associação Internacional de Boxe, em março. Cazorla reconheceu um “problema com os cromossomos” de Khelif, mas defendeu sua participação em competições femininas.

Imane Khelif foi colocada em supressores de testosterona depois da avaliação médica. No entanto, o Comitê Olímpico Internacional (COI) não realiza testes cromossômicos desde 1999, e, na Olimpíada de Paris, a única exigência era ter um marcador de sexo feminino em documentos legais.

Alan Abrahamson, professor da Universidade do Sul da Califórnia, confirmou o cariótipo de Imane. Em agosto, ele afirmou ter visto os resultados dos testes cromossômicos de 2022 e 2023, que “concluíram que o DNA da boxeadora era masculino, consistindo de cromossomos XY”.

Entidades do esporte já tinham emitido alertas para condição de boxeadora da Argélia

Medalhista de ouro Imane Khelif da, Argélia, beija sua medalha 

Depois da vitória de Khelif em Paris, a IBA confirmou que ela falhou em múltiplos testes cromossômicos, mas não pôde liberar os resultados devido ao Comitê Olímpico Argelino.

A atleta Marshi Smith, do Conselho Independente de Mulheres no Esporte (Icons, na sigla em inglês), criticou o COI por permitir que Khelif competisse.

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“Eles ficaram parados, enquanto as mulheres eram submetidas a agressões físicas por espetáculo, despojadas de segurança, justiça e suas conquistas de vida”, disse. “Todos os envolvidos devem enfrentar consequências rápidas e sérias.”

Marshi acrescentou que acredita que Khelif deveria ter sua medalha de ouro retirada, mas duvida que qualquer ação será tomada.