Parlamentares expressam indignação e exigem retratação por declaração que sugeriu levar apoiadores de Bolsonaro “para a vala”.

Vereadores Ismael Bastos, Professor Ivamberg, Pastor Edvaldo Lima e Silvio Dias tem debate sobre fala do governador Jerônimo Rodrigues.

Feira de Santana — Na manhã desta terça‑feira (6), os vereadores Ismael Bastos, Edvaldo Lima, José Carneiro e Lulinha ocuparam a tribuna da Câmara Municipal para apresentar e protocolar uma moção de repúdio contra a declaração do governador Jerônimo Rodrigues (PT), feita na última sexta‑feira (3), durante a inauguração de uma escola em América Dourada. Na ocasião, o chefe do Executivo baiano afirmou que os bolsonaristas “tinham que ir para a vala”.

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Em texto endereçado ao governador, os parlamentares classificam a fala como incompatível com o respeito aos direitos civis e à livre manifestação política, argumentando que expressões que aludem à violência “incitam o ódio e ameaçam a convivência democrática”. A moção aponta ainda que o episódio “ultrapassa o limite do debate político” e requer providências formais do Executivo estadual.

Na segunda‑feira (5), Jerônimo Rodrigues se retratou, dizendo que sua declaração foi tirada de contexto e que “não houve intenção de desejar a morte de ninguém”. Para os vereadores, porém, o pedido de desculpas não apaga o efeito de uma fala que, segundo eles, “incentiva atitudes antidemocráticas e fere a Constituição”.

Jerônimo Rodrigues (PT), governador da Bahia, sugeriu vala aos bolsonaristas (Matheus Landim/GOVBA/Divulgação)
 
O episódio ganhou repercussão nacional após o deputado estadual Leandro de Jesus (PL‑BA) protocolar, no mesmo dia, um pedido de impeachment contra o governador, por suposto crime de responsabilidade. Na Bahia, a Associação de Promotores Públicos também manifestou preocupação com “a normalização de discursos que ameaçam a segurança política do país”.

O vereador Professor Ivamberg saiu em defesa do governador, afirmando que a fala, embora mal colocada, não reflete o trabalho que Jerônimo Rodrigues desempenha no estado. Ivamberg destacou ainda os investimentos do governo na Micareta de Feira de Santana 2024, como o apoio logístico para a estrutura dos trios elétricos e a melhoria da segurança pública durante o evento.

Também em defesa do governador, o vereador Silvio Dias criticou o que classificou como "dois pesos e duas medidas" no debate político. Segundo Silvio, "é importante lembrar que o ex-presidente Bolsonaro passou anos incentivando crianças a fazerem arminhas com a mão e disseminando falas violentas e antidemocráticas em praça pública, sem que parte dessas pessoas hoje indignadas tenham demonstrado o mesmo rigor moral ou político". Silvio ressaltou que todas as falas violentas devem ser repudiadas, mas que é incoerente ignorar episódios semelhantes vindos de lideranças bolsonaristas.

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A moção agora será encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara para análise de admissibilidade, antes de ser votada em plenário. Caso aprovada, a Casa deverá oficializar seu posicionamento ao Executivo estadual e ao Ministério Público, em busca de reparação política pelo que definem como “ofensa grave ao Estado de Direito”.

Portal Regional Notícias, com informações do repórter Allan Emanuel.