Obtido com exclusividade pelo Site Revista Oeste, dossiê compilado pela Asfav atualiza dados sobre os eventos de 8 de janeiro e revela levantamento sobre propostas de indulto

Manifestantes sobem a rampa do Congresso Nacional, em 8 de janeiro de 2023 | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

A Associação de Familiares e Vítimas do 8 de janeiro (Asfav) preparou um novo dossiê detalhando a situação dos implicados nos eventos de 8 de janeiro.

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O documento, obtido com exclusividade pelo Oeste , compila números atualizados sobre prisões, condenações e congelamentos de bens, além de uma pesquisa inédita que revela a posição das famílias sobre o projeto de lei de anistia atualmente em tramitação no Parlamento.

Pesquisa sobre a anistia de 8 de janeiro

A pesquisa da Asfav, realizada de 12 a 22 de maio de 2025, entre 123 entrevistados — incluindo 75 familiares e 48 manifestantes — revelou que a maioria enfrenta acusações severas, recebeu sentenças que variam de 14 a 17 anos de prisão e teve seus bens congelados, mergulhando inúmeras famílias na penúria.

A pesquisa demonstrou ainda um apoio de 96,7% a uma anistia ampla, geral e irrestrita, rejeitando alternativas como anistia apenas para crimes graves (78% contra), uma mera redução de sentenças (81,3% contra) ou propostas fragmentadas que apenas libertariam prisioneiros e permitiriam o retorno daqueles que buscaram refúgio no exterior (68,3% contra).

Punições severas

Segundo a associação, a idade média dos condenados é de 46 anos, sendo que mais de 40% têm mais de 50 anos, grupo demográfico que inclui idosos que continuam envolvidos em processos judiciais ou já estão presos.

Consequentemente, Asfav argumenta que a condução desses casos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ultrapassou os limites constitucionais, transformando o processo de 8 de janeiro em um instrumento de perseguição política.

A entidade afirmou que cabe ao Congresso fornecer uma resposta, alegando que uma ampla anistia é o único caminho viável para encerrar “um ciclo de abusos” que já se arrasta há quase três anos.

Famílias devastadas

O dossiê compila relatos de familiares que enfrentam situações de vulnerabilidade. Multas milionárias e congelamentos de bens levaram muitos desses indivíduos à insolvência civil.

“Acredito que qualquer meio de levar minha mãe de volta para casa, com sua família, e receber tratamento é aceitável até que tenhamos outras opções”, afirmou um entrevistado.

Outro depoimento ressalta o desespero diário: “Meu marido, sob vigilância de tornozeleira eletrônica, ficou preso por três meses, e meus dois filhos e eu passamos por imensas dificuldades”, relatou uma mulher. “Agora, há dois anos, vivemos com medo de que ele seja jogado de volta na cadeia.”

Segundo a Asfav, essas repercussões transcendem os indivíduos condenados, afetando diretamente unidades familiares inteiras. “As famílias estão sofrendo imensamente, atormentadas por ansiedade, depressão e graves dificuldades financeiras”, destaca o documento. “Esta não é apenas uma sentença individual; é uma punição coletiva.”

Figuras Gerais

  • Mais de 2.000 indivíduos investigados;
  • 1.628 processos criminais instaurados, incluindo:518 ações por crimes graves → resultando em 279 condenações;
  • 1.110 ações por crimes menos graves → resultando em 359 condenações;
  • 10 absolvições;
  • 552 acordos de não persecução penal (ANPPs) assinados;
  • 141 indivíduos ainda presos;
  • 44 em prisão domiciliar;
  • 131 encerramentos de processos por cumprimento de pena;
  • 112 execuções de sentenças em andamento;
  • 61 pedidos de extradição.


Perfil dos 123 entrevistados

  • 75 familiares e 48 vítimas (manifestantes);
  • Most represented states: São Paulo (35), Minas Gerais (26), Federal District (10), Santa Catarina (10);
  • Idade média: 46 anos;
  • 41,7% têm mais de 50 anos (incluindo 13 idosos acima de 60 anos).

Situação judicial dos entrevistados

  • 73,17% enfrentam acusações criminais graves;
  • Apenas 10,6% conseguiram garantir ANPPs;
  • 65% já foram condenados (a maioria com processos concluídos).
  • Sentenças Aplicadas42 indivíduos → 14 anos;
  • 20 indivíduos → 17 anos;
  • 8 indivíduos → 16 anos;
  • 2 indivíduos → 13 anos;
  • 1 indivíduo → 15 anos;
  • 6 indivíduos → 1 a 2 anos;
  • 65,9% tiveram seus bens e recursos financeiros congelados.

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Opinião dos entrevistados sobre a anistia

  • 96,7% defendem uma anistia ampla, geral e irrestrita;
  • 78% rejeitam anistia limitada apenas a crimes graves;
  • 81,3% rejeitam a substituição da anistia por meras reduções de pena;
  • 68,3% rejeitam a anistia parcial que apenas libertaria prisioneiros e permitiria o retorno daqueles que buscaram refúgio no exterior;
  • 75% aceitariam a anistia mesmo que incluísse o ministro Alexandre de Moraes;
  • 82,9% rejeitam a retenção de multas e indenizações (que já ultrapassam R$ 75 milhões).
Portal Regional Notícias, com informações do site Revista Oeste.