Mostra fotográfica no Museu Casa do Sertão exibe beleza e abandono das lagoas urbanas; em entrevistas ao Portal Regional Notícias, pesquisadores e gestores ressaltam que a preservação da água é chave para o futuro da Princesa do Sertão.

Mostra fotográfica no museu Casa do Sertão | Foto: Allan Emanuel PRN

Se a água deu origem a Feira de Santana, o descuido ameaça apagar essa história. Esse foi o tom das entrevistas concedidas ao Portal Regional Notícias durante a abertura da exposição “Águas que contam e encantam, registros dos ‘descuidos’ de uma princesa”, realizada no Museu Casa do Sertão da UEFS.

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A mostra reúne 32 fotografias que retratam as lagoas da cidade em suas duas faces: a de paisagens naturais de grande beleza e a de cenários de degradação, lixo e abandono.

Lagoas: beleza, abandono e oportunidade perdida

O coordenador do projeto, professor Dr. Willian Moura de Aguiar, lembrou que Feira já foi conhecida como Santana dos Olhos d’Água, por abrigar dezenas de lagoas que garantiam água potável, pesca e lazer. Hoje, muitas estão poluídas ou soterradas:
“Nós não queremos apenas denunciar, mas propor um novo olhar. As lagoas são um tesouro que Feira insiste em esquecer. Cidades vizinhas constroem lagoas artificiais para lazer, com pedalinhos e esportes náuticos, enquanto aqui as naturais estão sendo perdidas. O que falta é vontade de enxergar que isso também é desenvolvimento.”
Ele enfatizou que a urbanização em si não é o problema, mas o crescimento desordenado:

“Quem não gostaria de viver perto de uma lagoa limpa, arborizada, com vida? Isso valoriza a cidade, valoriza os imóveis, valoriza a autoestima da população. Mas só cuidamos daquilo que conhecemos. Daí a importância dessa exposição, para que Feira redescubra sua própria identidade.”

Prefeitura promete revitalização

A secretária de Meio Ambiente, Jaciara Costa, destacou que o poder público tem responsabilidade em transformar esse cenário. Em entrevista ao Portal Regional Notícias, ela garantiu que o plano de governo já contempla ações concretas:

“Nossa gestão assumiu o compromisso de revitalizar as lagoas. Estamos iniciando pela Lagoa de Berreca e pela Lagoa Salgada, mas queremos avançar em outras. Feira precisa voltar a ver suas águas como patrimônio. Este é apenas o começo de uma política que será contínua.”


Secretária ressaltou que a parceria com a UEFS é estratégica para unir pesquisa científica e ação prática:

“A universidade nos ajuda a entender o problema em profundidade, e a prefeitura atua para transformar esse conhecimento em obras e projetos de recuperação.”
A cidade nasceu da água

Para o diretor de Meio Ambiente, João Dias, a memória das lagoas deve ser resgatada como parte da identidade cultural de Feira. Ele corrigiu um equívoco histórico comum:

“Feira de Santana não nasceu por causa da feira de gado e de trocas. Nasceu por causa da água. As lagoas foram o berço da cidade. Dali veio o abastecimento, o peixe, o lazer. A Lagoa Juca Campelo era lugar de banho. A Lagoa de Berreca chegou a ser a maior praia da cidade.”

Em tom de alerta, João lembrou que das 120 lagoas mapeadas no passado, restam pouco mais de 40:

“Isso nos torna únicos no Brasil: nenhuma outra cidade tem tantas lagoas urbanas. Mas, se continuarmos poluindo e aterrando, perderemos um patrimônio inestimável. A abundância de água fez Feira crescer, mas a falta de cuidado pode comprometer o futuro.”
 
192 anos: celebrar e refletir

No aniversário de 192 anos de emancipação, a Princesa do Sertão é convidada a olhar para si mesma. O contraste entre as fotografias da exposição funciona como metáfora da própria cidade: pujante, criativa e cheia de potencial, mas também marcada por falhas históricas de planejamento e cuidado.

+Leia mais informações sobre Meio Ambiente no site do Portal Regional Notícias

O paralelo feito pelos entrevistados ao Portal Regional Notícias é claro: preservar as lagoas não é apenas uma pauta ambiental, mas uma decisão estratégica para o desenvolvimento urbano, cultural e econômico de Feira de Santana.

Como sintetizou o professor Willian: “A água conta a nossa história. Se a perdermos, perderemos também a memória do que somos.”

Repórter Allan Emanue, Dr. Willian Moura, Secretária do Meio Ambiente Jaciara Costa, Antônio José, coordenador da Defesa Civíl, João Dias, diretor da secretaria de Meio Ambiente

Serviço da exposição

Local: Museu Casa do Sertão – Pavilhão Lucas da Feira, UEFS, Av. Transnordestina, s/n – Novo Horizonte
Período: 17 de setembro a 10 de outubro de 2025
Horário: Segunda a sexta, das 9h às 17h
Entrada gratuita

Portal Regional Notícias, com informações do repórter Allan Emanuel