Estudo revela que falta de autonomia financeira, dependência de repasses e fragilidade econômica mantêm municípios nordestinos entre os mais vulneráveis do país.

Foto capa: Portal Regional Notícias

O Nordeste brasileiro concentra a maior parte dos municípios classificados como financeiramente insustentáveis, segundo o novo levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). A pesquisa, que avalia a capacidade de gestão fiscal das cidades do país, mostra que estados como Piauí, Maranhão, Paraíba e Alagoas têm, em média, mais de 70% dos seus municípios incapazes de se manter sem ajuda externa.

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Enquanto isso, no Sul do Brasil, a realidade é bem diferente: menos de 5% das cidades enfrentam dificuldades para sustentar suas contas públicas. O contraste é ainda mais evidente em Santa Catarina, onde apenas um município é considerado insustentável entre os 295 existentes.

Essa diferença não é apenas numérica. É reflexo de modelos de gestão, educação e cultura econômica que colocam as regiões em caminhos opostos no desenvolvimento.

Foto: Reprodução

O que explica o desequilíbrio regional

Segundo especialistas em economia pública e desenvolvimento regional, o cenário nordestino é resultado de uma combinação de fatores estruturais e históricos que limitam a autonomia financeira dos municípios.

Entre os principais pontos estão:

  • Predomínio da agricultura de subsistência e de baixo valor agregado
  • Dependência do setor público como principal empregador local
  • Alta dependência de repasses federais e estaduais para manter os serviços básicos
  • Agricultura de subsistência e de baixo valor agregado

Grande parte das cidades nordestinas ainda tem como base econômica a agricultura de subsistência, voltada ao consumo próprio e com pouca circulação comercial. Esse tipo de produção gera baixo valor agregado, ou seja, produtos com pouco processamento e quase nenhuma transformação industrial.

Isso limita a arrecadação municipal, reduz a geração de empregos e impede o surgimento de cadeias produtivas locais. Diferente do Sul, onde há cooperação agrícola, mecanização e indústrias de transformação, o campo nordestino ainda depende fortemente do clima e de políticas assistenciais.

Em resumo, é uma economia que produz para sobreviver, e não para gerar desenvolvimento.

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Setor público como principal fonte de renda

Em centenas de cidades do Nordeste, a prefeitura é o maior empregador. Servidores, contratados e cargos comissionados sustentam o comércio e os serviços locais. Isso cria uma dependência perigosa: se a administração pública enfrenta crise, todo o município sente o impacto.

Como o setor público não gera lucro, a economia acaba girando em torno de salários pagos com dinheiro público, e não com a produtividade de empresas privadas. O resultado é um ciclo de estagnação, onde não há incentivo para o investimento e o empreendedorismo.
Repasses como único fôlego financeiro

Os repasses de verbas federais e estaduais, como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), o Fundeb e transferências para saúde e assistência social, são fundamentais para o funcionamento das prefeituras.

O problema é que, em boa parte das cidades nordestinas, esses recursos representam a quase totalidade da receita local. Sem eles, escolas, postos de saúde, limpeza pública e até a folha de pagamento ficariam comprometidos.

Isso revela uma fragilidade estrutural: os municípios não controlam o próprio destino e dependem diretamente da estabilidade política e econômica dos governos superiores.

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Educação e gestão: o diferencial do Sul

Especialistas apontam que o sucesso de estados como Santa Catarina não é coincidência. Ele é resultado de décadas de investimento em educação técnica, empreendedorismo e gestão pública eficiente.

As cidades do Sul criaram condições para gerar riqueza local, estimulando cooperativas, pequenas indústrias, turismo e inovação tecnológica. O modelo mostra que, quando há planejamento e valorização da educação, o município se torna capaz de sustentar sua própria estrutura, mesmo com menos repasses.

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Olhar para quem está acertando

A disparidade entre as regiões brasileiras revela que o país precisa repensar suas políticas públicas e educacionais. O Nordeste tem potencial humano e natural para crescer, mas depende de mudanças profundas em sua forma de gerir recursos e formar cidadãos.

Como destacou a análise da Firjan, educação e cultura de eficiência são as bases que transformam um estado em exemplo de sustentabilidade. O Sul do Brasil mostra que é possível. Cabe às demais regiões observar, aprender e adaptar essas boas práticas à sua realidade.

Portal Regional Notícias, com informações do repórter Allan Emanuel